SACRALIZAÇÃO DO CAOS






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I   II   

III   IV   V   VI   VII

VIII   IX   X   XI   XII

XIII   XIV   XV   XVI   XVII








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A Isabel Castiajo







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I

Tragédia viva


Concentração de
Energia

Força

Poder


Mergulho num extenso espaço
De irracional fogo fuzilante


Excesso


Exaltação

Êxtase


Desintegração no infinito


Viagens criativas em
Férteis estranhas terras
Camufladas na mente





.





Inexorável explosão na existência


Prazer Terror

Vertigem


Dança impulsiva
Cântico caótico
Metáforas Enigmas
Imagens Visões


Morte momentânea
De toda a consciência


Relâmpago
Olhos felinos no lugar invisível
Onde não existem já palavras

Sacralização do Caos





.





No lago primordial, as águas revoltas
estão povoadas de misterios caóticos,
prometendo uma ordem subtilmente anunciada
e de realização efectiva pouco credível


(Membros dispersos, répteis, sombras & trevas)


Escuridão luminosa repleta de sementes- em
potência & em acto (ou meras possibilidades
perdidas)
numa terra obviamente sem governador


Apenas forças
dispersas & poderosas


(Negro reino de Ahriman)





.





Passageiros deste combóio
benvindos sejam agora
ao inferno


O guia mostrará
As vagas ruínas dispersas


As chamas do altar
& o sangue das múmias
São os alimentos
De que dispomos


Abandonarão
Vosso infértil orgulho
Ao porteiro mutilado


Nos muitos espelhos
Da negra antecâmara
Poderão observar
Vossos transformados rostos
& os vermes que os ocupam


O som da guilhotina
Expressará
A vossa dor eterna


Benvindos sejam
Radiantes passageiros
À tortura & ao sofrimento
Neste longínquo antro
Do castelo carnívoro


O espelho do inferno
Olhamo-nos
A mente é apenas
Um irregular ponto
De interrogação


A face é um rótulo
Com inscrição em branco


Olhamo-nos
Estáticos
Durante vários séculos


As cores sucedem-se
As formas alteram-se




Processo que conduz
A um novo terror




& cada vez mais monstruosas
São as imagens & emoções





.





Sacralização do caos


Olhos mergulhados
No inexprimível


A grande recusa


Velha bárbara sábia
Mediadora
(Serpente angélica)
Transporta a mente
A electricidade
Para a margem distante


Flechas que partem
Rios de sangue
Monstros
Oceanos de sombras


O amor está lá
Na ilha da sereia
Peixes que deslizam
& caçam a cor
Em astros vivos





.





Conduz
Conduz-te
Traz a comitiva
Esperamos o útero
Da girafa anónima


Dor de parto
Dor de guerra
Dor de morte


Prazer na colina
Da depressão


Murmúrios & ecos
Caravana em espiral
Estrada irregular
Ébrio ritual


Mármore Vidro Lágrimas
Pele de vampiro





.






II


Homem de cera
Tão longo é o sonho


Micro-entidade
Numa guerra de insectos
Reduzido reflexo
De uma estrela inexistente


Tão longo é o abismo

Vozes Formas Máscaras
Tudo engolido
Por um raivoso vento
De uma outra dimensão


Sente a voz da chuva
& o macio toque
Da angústia


Surdo ao paladar da brisa
Enterrado & a voar


Fustigado pelos grilhões
De uma ausência flutuante


Na escarpada ao pôr-do-sol
O homem-ave voa


Explora a vertigem
Na união do céu
Com o mar


Lua & oceano
Brilho & mergulho

Mistério & infinitude
Desespero & sufocação





.





A dança do abutre


Através dos profundos olhos de sonho
Do ser imóvel no telhado em ruínas,


(infinito reflectido
na vibração ocular)

Vejam:

(dança o abutre)


Sob a percepção espelhada
Oculta-se um túmulo


Abutre de plenitude


Tremente & gritante





.





Asas em fúria
Revelando ossadas


Vento gélido amaldiçoando
A confusa órbita do olhar

Bico impiedoso
Dispersando sangue


Abutre
Vejam os seus passos


Imaculada vertigem
Do ser que pensa
Febre da consciência


Feridos olhos cerrados
Num cemitério do cosmos





.





Olhar aprisionado
Em ilimitados canais


Vedações da razão


Devorada a cor
Asceta num subterrâneo

Desorientado,
O viajante acorda
Nos destroços
Dos seus sonhos


Estupefacção letal
No império do absurdo


Ruínas anunciando
Uma morte espasmódica





.





Consumimo-nos num turbilhão silencioso
No desafio de deuses abstractos


(Tempestade venenosa)


Envolvemo-nos na teia da eternidade,
Excêntrico enredo flexível,
Mosaico de cores transtornadas


Habitantes do infinito nós somos
Exploradores de um império cósmico
Desconfortavelmente alojados na caldeira
De um invisível navio
Crucificados vitais rumo ao núcleo em expansão,
Experimentando desregradas explosões sensitivas
Viajantes aquáticos





.





Envolve-te em néon
A frescura do vento
& a dureza da pedra...

Conheces a voz & onda & labirinto do ilimitado?
& sabes da morte & que talvez existas
Indo & vindo numa passadeira rolante planetária?


Que podemos nós fazer senão
- Um nada que engloba o tudo
num vendaval impetuoso
que desconheça a ordem?


Tudo Curiosas conexões
Remoínhos de tempos & luzes
Fim sem fim


(A face pálida do estranho passageiro
Vai avançando em díficil equilíbrio
Sob as fortes armadilhas do vento caótico)





.





Descontrolados membros
Tentando agarrar
O invisível


& algo profundo & interior
Tentando captar
O infinito


Investida frustrada
Contra o topo da hierarquia


Confrontamos a morte
Com a fúria semi-consciente
Que nada sabe do que se segue


Destruído o sorriso dos anjos
Arrepiante desequilíbrio emocional





.





(Parte-se o espelho
& passa o viajante para outro
Território existencial)


O álcool grita nos candeeiros
As sombras jogam cartas
Nas catacumbas




Há banquetes a consumir
Na longínqua alegria da estranheza


Deuses irracionais que nos aguardam
Em enormes naturais templos cósmicos


Beberemos o Grande Cálice de Fogo





.






III


Hecatônquiros divinos
Em eléctricos desfiladeiros



Serpentes da desordem
Em mágicas gargalhadas



Re-Visão da bifurcada Semente



Excesso



Destruímo-nos como pontas de luz
Na cúpula de uma vela finita





Vida em excesso que morre
Em profunda alegria





Amamos a intoxicação
& amamos a tempestade



Precisamos de toda a força
Para manter o equilíbrio



Beijamos a morte
Num palco em ruínas




Células mortas
Projectadas no espaço,
Correndo & voando
Ao pôr-do-sol



A mente gira & treme
Em arrasantes rotações



(Bebe a luzidia cor da pele jovem
Bebe a cor da paisagem em chamas
Bebe o turbilhão turvo da existência)



Mortos, amaremos a terra
Com inúmeros orgasmos abafados





(Memórias de um louco
Cantando às células perdidas)








.






IV




À volta da minha ilha,







Agora esculpida por

Teclas & técnicas

Que evoluem em

Regressão humanitária







Ciência é metafísica




Ventos de pedra

Violento dilúvio

Visão de desmoronamento







Ruas vomitando bactérias

Numa doentia atmosfera







Pálida ferrugem

De estrelas caídas



Seres embriagando-se

Com o cianeto dos séculos







Sóis dourados

Em queda fatal







Rumo impossível

Para o super-homem

Científico



Desarticulações mecânicas


Velha & decadente

Estátua da Liberdade


Capitalismo nuclear

Em selvas industriais




Lágrimas de resina

Assolando a floresta







Evasão petrolífera

No horizonte frenético

Do mar em explosão







Aroma de papoila

Na ponta do bastão







Ruas

Rios de rosas feridas







O regresso às cinzas






Vidro em fogo

O velho condado

Foi arrrasado







Os assassinos penetraram

No palácio da tortura







Num confuso labirinto de cimento,

O homem inquieto percorre em êxtase

Os efémeros bordéis do esquecimento







Movimento de cores

Num círculo de feras







Estranho sorriso

Da tempestade


Cancro em crescimento

Nos tendões do movimento







Dançam sem pensamento

Os paralíticos mutilados








.






V




Quem sou eu?







fantasma, sombra

insecto florestal

grão-de-areia

num deserto esquecido?



Quem me dera aranha

Lutando pela vida

Num canto do espaço










Sem tempo,

Tentáculos ao sol

Agarrando a existência

& passando para a morte







& seria útil o despertar

Sem tinta & papel

Escrita ou dor


Naufragamos o vácuo

Como inúteis personagens

De um filme livro ou quadro

Que desaguou no infinito




(O homem é um Deus Inexistente)







Existência

Espiral sem fim










Visão do cadáver-eu







Morte,

Filme sem imagem

Som inaudível










Morte da consciência







No instinto vital

Encontraremos fósseis vivos

De um sonho antigo










Sementes

De um útero gigante







Morte,

Motor da criação







Sono Conforto

Solo materno







A poesia é um útero

Construído para o conforto

Útero selvagem

Desesperante conforto

Do desesperado









Porque existo

Porque sinto

Marioneta

Desta vasta palhaçada







A face do ser pousada

Na auréola da loucura







Ardem em terror

Seus mórbidos olhos





















.






VI




Existência

Longo insecto

Num oceano







Voo irreversível


Insecto sem identidade

Lutando para um

Doentio fim





















A mente explode

Onde o poder dourado?

O caminho da lua?







Pássaros de passagem







Jogar em loucura

Destruir o muro

Olhar o abismo




Estranha percepção

Sinestesia










Ventos do infinito

Fazendo girar & enlouquecer

O cérebro perplexo





O edifício dos conceitos afunda-se

Perante a louca gargalhada do jogador












Tempestade







Trovão

De exterminação







Peões falsos

De um xadrez ilusório

Num túnel do terror







Peças destrutivas

No jogo dramático

Da existência










.






VII




Martelo de Thor

&

Embriaguez de Diónisos,







Capto imagens, vozes,

Sucessões sonoras,

Encarnações da força










Noite arcaica

De cânticos & danças

Viajamos até à luz

Pelas trevas de um timbre










Feiticeiro do sonho & da vida

Viagem pelo cosmos

O olho distendido

Embarcação de pedra

No infinito







Chaves Portas Magias







Rainha lua

Em celebração profunda

Lentos cristais







Os sentidos intensificam-se

A percepção é alargada







Viagem sensitiva

Até profundos vales

Da mente










O olho é o universo mais infinito da infinitude

Possui um túnel: a ligação ao inconsciente



Oculto universo da percepção

O centro é uma vela corrosiva











Cerimónia de transe

Veados eróticos

& ursos em fúria







Experiência de morte

Numa estranha visita

Ao reino primordial







Olhos guiando

Mosaico de répteis

Pelo labirinto







Paisagem xamânica







Terra Solo

Pavimento espiritual

Deusa fecunda

Antiga & bela







Articulações índias

Primitivas

Fogo & transe

Peles de tigres

























Desertos árabes

Terras de cerimónias Persas

Homenagens a reis antigos



Luxuriantes tapetes

Feitos de mitos

Templos mágicos







Animais remotos

& rituais de caça


(Nos rochedos vive o selvagem

Dançando com as serpentes

Da noite)











Cantar & dançar

Num exílio secreto







Insónia

Negro-pálido da noite desperta

Deserta

Cansaço vivo dormente

Espinhos da vigília

Ondas flutuantes

Tempo corrente

Em inexistência corpórea

De dispersos pensamentos

Caóticos







Cantar & dançar

Num exílio secreto































Rubis Setas venenosas

Distante da clareza real

Esboço de loucura

Outro plano, longe

Sem tempo ou espaço







Cenários disformes

Estranhos esmagadores

Em inconsciência







Espiral tremente

Órbitas em explosão



Olhos que saltam

Para o solo de náusea







Cantar & dançar

Num exílio secreto






Tigre ébrio

Tigre louco







Dançando entre as estrelas







Cenário universal

O grande Todo rangente







Em que,

Na lua da floresta,

Dança o xamã,

Libertando o cântico







Ritmos engolidos

No monstro gigante







Luminosa obscuridade

Onde afirmamos nossa

Sólida inexistência

tranquila no tempo

agitada no tempo


















.







VII




Deus Tigre perturbado

Em ritual de libertação

Na profunda realidade

Da sua loucura luminosa







Corpo vital calcando

Ervas & pedregulhos







Fogo irracional numa imensa floresta

Música lasciva em estranhos planetas




















Rei dos pântanos

& verdes planícies







Semeando fogo

Criando caos







Rugindo na noite










Deus Tigre

Em caos

Ele salta

Ele sobe

Ele voa

Ele fere







Verde em chamas

Ataque repentino

Fruto vivo degolado







Deus Tigre

Em fúria







Expansões loucas

Pelas artérias da realidade


Lutas ferozes







Golpes no tempo










(Liberta o tigre divino

Que permanece agrilhoado

Em tuas vastas prisões)






Grilhões de aço atingindo o ser

Neste alargamento do tempo

Não some a dor







Tocam campaínhas na antecâmera do desconhecido







Plantação de vidro na galáxia da multiplicidade

Deus Tigre em absorção semi-estático & a flutuar>








Deus Tigre, enlouqueci

abre a porta & deixa-me entrar

entrar para cantar na alegria desta comédia

nestes dramáticos momentos de despreendimento

rimo-nos em translucidez

& no grave silêncio que surge

arrastamo-nos para uma morgue vital














Duelo no cemitério

as palavras lutam por um melhor túmulo

& o estridente som da queda de metais

veio tudo sepultar no interior de fortes ruínas

& na chuva & sol & arco-íris

veio o clarão obscuro trazer a purificação











.







IX




A árvore da vida...

Os seus ramos loucos

São cobras silenciosas

Que se agitam em transe







Fantasma liberto,

Dançando







Ventos sombrios

Abalando em fúria

A estrutura do cosmos







Mão gigante

De longos negros dedos

Rodopiando

No espaço aberto







Ébria tempestade

Arrastando existências








































Estranho & poderoso

Território do sagrado

Profunda intensidade

De uma tragédia divina







Discursos do vento

Mensagens místicas

Metais reluzentes







Sémen da floresta

Pedra Fogo & Vinho

Dilúvio & criação

Chuva & arco-íris

Ilimitado fluxo

De oceanos por explorar







Insectos sorrindo

Nas ruínas da noite















Momento místico

Águia de força

Levando-nos ao jardim







Como micro-deuses

Da ordem de fogo,

Dançamos na guerra

& cantamos na orgia



Caixa escura de ouro,

Tesouros, & labaredas

(Um assalto corajoso

Ao ventre universal)













Inocentes pergaminhos

Num tapete sub-lunar







Pode uma palavra

Incendiar uma galáxia?



Pode uma metáfora

Electrificar um meteoro?

























Ave de rapina







Asa negra

Face de cobre

Rasto de fogo







Ave de rapina

Lenta na sua mágica eternidade







Doce anjo da ruptura em espiral







Ruína

Fecundidade







Longo rumo

Sob o som da tempestade

Fúria do vento suave







Cascatas

Territórios de prolongação







Explosão

Revolução







Jangada sob um oceano

Sob um sol

& uma iluminação













Já ouviste

O suave som do solo

A brilhante música dos astros

A mágica voz da mente profunda?







Já captaste

O som dançante sobre o oceano

A cor da inexistência sobre a pedra?







Já sentiste

Tecidos magnéticos?







Saboreia o orgasmo

& a areia do deserto

Envolve-te no odor

De elementos vegetais










A emoção da intoxicação

Suave prazer Ou

Frenética pulsação explosiva

Visões de outras galáxias







Descobertas de tesouros,

Abertura de velhas arcas

Com pesadelos, sementes criativas,

Bombas uivantes de apocalipses







Em espiral, a viagem







Rasto de um gigante,

Amoral & irracional,

Percorrendo milénios

Em dolorosa fúria alegre


























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X




Mas onde estavas tu,

Suave luz aliviadora

Da minha dor torturante?







(Escondida numa névoa

Por ti fantasiada?)







Vem a mim, Estranha Flor

Acompanha-me neste banquete







Banquete movível

No rumo das estrelas

Astros líquidos







Surpreendi o teu sorriso

Captei-te viva numa gélida paragem

Procurando mediação para um útero solar





Quem nos amou?

A brisa acelerada,

A febre da meia-noite?













Eu criava-te sonhos

De luz & água

Pérolas de tesouros

Em navios de piratas







Inventava-te guerras de corpos

& brilhantes répteis

Em lama lasciva







Os olhos reluziam

No refúgio da noite







As ondas murmuravam paz







& as sereias Tu

Embalavam Embalavam-me

-Embalavas-me

Na escarlate seda do fogo




Sedução

Palavras mágicas







Criam-se coroas reais

Numa finita idealização

(Ornamentos de sobrevivência)







Uma iluminação,

Conexão, união







Elos eléctricos

Ecos de chamas




Seda suave







A flor deslizou até à exaustão

Nas púrpuras conexões da carne










Luzidia pele

Face de Cleópatra







Hinos a Vénus










(Édipo sorrindo

Num inevitável

Matagal de sangue)








Mulher serpente

De mágica fecundidade







Sangue místico brilhando

Nos rios sombrios

Das suas cidades







Morte infiltrada

Nas glândulas do sexo



















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XI




Chuva que vem para me confundir

Barreira estranha

Dois mundos

(Dois meios mundos + dois meios mundos

& oito quartos de mundo, & etc.)







Assimetria de vidro cortante

Altar em que repousa o rei, altivo, desfigurado







Castraram a noite

Agora, apenas as velhas novas brancas paredes

Para nossa gigantesca agonia

Nenhuma esperança

Nenhuma palavra para salvar







Será a ferida eterna

Será a ferida irreversível

Será a dor transponível?

Dêem-me sóis dourados

Luas primitivas

Flechas corporais

Peles de tigres integradas

Em pele de poeta em vertigem







Toca o sino

Mais uma rua irregular

Camponeses na missa

Padres em masturbação vindo-se para a

Caixa das óstias espermo-sagradas







& o vinho & o púrpuro

Amado sonho desfeito







Máscaras por destruir

Sorrisos por surgir








A mente é um oceano

Com ondas inúmeras,

Furúnculos de incertezas







Os continentes estão multi-quebrados

Até à (in)decisão do enforcamento







Existência retalhada na

Multiplicidade de desencontros







(Seremos micro-deformações

Em gigante pedra trocista?)







Dá-nos uma voz de exteriorização

Do terror mistério luz &

Quente tremido na noite










Em benções prometedoras podem surgir

Os grandes momentos esperados







Trono Trono Trono

Dureza

Luxúria

Fogo do gelo trans-tudo







A unha do ninho em que nos recolhemos

A tragédia não pode ultrapassar

Os limites da dor pode?







Salvem-nos destas torturas

& tentativas de homicídio

& suicídios na casa do papa







Funeral num bordel popular

Ironia de uma terra cruel











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XII




O templo da purificação
(Desafio para o palácio da deusa)



Carnificina
(Ruínas de fantasmas, dores,
Consciências & temores)



Tempo de coroamento
(Imperador do sol)










Deusa da Tempestade



Quão louca pode ser
A pura entrega da vida
(Como um dado que rola
Na direcção do amor)



Imperatriz da luz & das trevas



Quebrados os vidros da obsessão
Destruídas as sombras da exaustão



Nós Estrada fora
Sangue & alegria
Eden caótico



Bombeamento de cristal





Velha Europa
Monumentos julgados
Por gargalhadas



Divina púrpura carícia
Da nossa transcendentalização






Adorável prisão da paixão
A tua carne é a minha carne
Uno solto
Nas avenidas do silêncio



Quão louca pode ser
A pura entrega da vida

Sagrada eterna
Deusa da tempestade



(Última jogada
Na (in)certeza das ondas)





Estrela dos quatro pontos cardeais
Amo o teu veludo apaixonado

Possuo Sul
& a fecundidade anunciada



Amo a tua loucura
Projectar-nos-emos num púrpuro
Voo de mármore






Rapariga Atriz
Calcário purificado
Em artérias de sémen



Rapaz Fora
Entre vácuo & terra
(Comemoração num navio
De animais remotos)