SACRALIZAÇÃO DO CAOS
.
.
A Isabel Castiajo
.
I
Tragédia viva
Concentração deEnergia
Força
Poder
Mergulho num extenso espaçoDe irracional fogo fuzilante
Excesso
Exaltação
Êxtase
Desintegração no infinito
Viagens criativas emFérteis estranhas terrasCamufladas na mente
.
Inexorável explosão na existência
Prazer Terror
Vertigem
Dança impulsivaCântico caóticoMetáforas EnigmasImagens Visões
Morte momentâneaDe toda a consciência
RelâmpagoOlhos felinos no lugar invisívelOnde não existem já palavras
Sacralização do Caos
.
No lago primordial, as águas revoltasestão povoadas de misterios caóticos,prometendo uma ordem subtilmente anunciadae de realização efectiva pouco credível
(Membros dispersos, répteis, sombras & trevas)
Escuridão luminosa repleta de sementes- empotência & em acto (ou meras possibilidadesperdidas)numa terra obviamente sem governador
Apenas forçasdispersas & poderosas
(Negro reino de Ahriman)
.
Passageiros deste combóiobenvindos sejam agoraao inferno
O guia mostraráAs vagas ruínas dispersas
As chamas do altar& o sangue das múmiasSão os alimentosDe que dispomos
AbandonarãoVosso infértil orgulhoAo porteiro mutilado
Nos muitos espelhosDa negra antecâmaraPoderão observarVossos transformados rostos& os vermes que os ocupam
O som da guilhotinaExpressaráA vossa dor eterna
Benvindos sejamRadiantes passageirosÀ tortura & ao sofrimentoNeste longínquo antroDo castelo carnívoro
O espelho do infernoOlhamo-nosA mente é apenasUm irregular pontoDe interrogação
A face é um rótuloCom inscrição em branco
Olhamo-nosEstáticosDurante vários séculos
As cores sucedem-seAs formas alteram-se
Processo que conduzA um novo terror
& cada vez mais monstruosasSão as imagens & emoções
.
Sacralização do caos
Olhos mergulhadosNo inexprimível
A grande recusa
Velha bárbara sábiaMediadora(Serpente angélica)Transporta a menteA electricidadePara a margem distante
Flechas que partemRios de sangueMonstrosOceanos de sombras
O amor está láNa ilha da sereiaPeixes que deslizam& caçam a corEm astros vivos
.
ConduzConduz-teTraz a comitivaEsperamos o úteroDa girafa anónima
Dor de partoDor de guerraDor de morte
Prazer na colinaDa depressão
Murmúrios & ecosCaravana em espiralEstrada irregularÉbrio ritual
Mármore Vidro LágrimasPele de vampiro
.
II
Homem de ceraTão longo é o sonho
Micro-entidadeNuma guerra de insectosReduzido reflexoDe uma estrela inexistente
Tão longo é o abismo
Vozes Formas MáscarasTudo engolidoPor um raivoso ventoDe uma outra dimensão
Sente a voz da chuva& o macio toqueDa angústia
Surdo ao paladar da brisaEnterrado & a voar
Fustigado pelos grilhõesDe uma ausência flutuante
Na escarpada ao pôr-do-solO homem-ave voa
Explora a vertigemNa união do céuCom o mar
Lua & oceanoBrilho & mergulho
Mistério & infinitudeDesespero & sufocação
.
A dança do abutre
Através dos profundos olhos de sonhoDo ser imóvel no telhado em ruínas,
(infinito reflectidona vibração ocular)
Vejam:
(dança o abutre)
Sob a percepção espelhadaOculta-se um túmulo
Abutre de plenitude
Tremente & gritante
.
Asas em fúriaRevelando ossadas
Vento gélido amaldiçoandoA confusa órbita do olhar
Bico impiedosoDispersando sangue
AbutreVejam os seus passos
Imaculada vertigemDo ser que pensaFebre da consciência
Feridos olhos cerradosNum cemitério do cosmos
.
Olhar aprisionadoEm ilimitados canais
Vedações da razão
Devorada a corAsceta num subterrâneo
Desorientado,O viajante acordaNos destroçosDos seus sonhos
Estupefacção letalNo império do absurdo
Ruínas anunciandoUma morte espasmódica
.
Consumimo-nos num turbilhão silenciosoNo desafio de deuses abstractos
(Tempestade venenosa)
Envolvemo-nos na teia da eternidade,Excêntrico enredo flexível,Mosaico de cores transtornadas
Habitantes do infinito nós somosExploradores de um império cósmicoDesconfortavelmente alojados na caldeiraDe um invisível navioCrucificados vitais rumo ao núcleo em expansão,Experimentando desregradas explosões sensitivasViajantes aquáticos
.
Envolve-te em néonA frescura do vento& a dureza da pedra...
Conheces a voz & onda & labirinto do ilimitado?& sabes da morte & que talvez existasIndo & vindo numa passadeira rolante planetária?
Que podemos nós fazer senão- Um nada que engloba o tudonum vendaval impetuosoque desconheça a ordem?
Tudo Curiosas conexõesRemoínhos de tempos & luzesFim sem fim
(A face pálida do estranho passageiroVai avançando em díficil equilíbrioSob as fortes armadilhas do vento caótico)
.
Descontrolados membrosTentando agarrarO invisível
& algo profundo & interiorTentando captarO infinito
Investida frustradaContra o topo da hierarquia
Confrontamos a morteCom a fúria semi-conscienteQue nada sabe do que se segue
Destruído o sorriso dos anjosArrepiante desequilíbrio emocional
.
(Parte-se o espelho& passa o viajante para outroTerritório existencial)
O álcool grita nos candeeirosAs sombras jogam cartasNas catacumbas
Há banquetes a consumirNa longínqua alegria da estranheza
Deuses irracionais que nos aguardamEm enormes naturais templos cósmicos
Beberemos o Grande Cálice de Fogo
.
III
Hecatônquiros divinos
Em eléctricos desfiladeiros
Serpentes da desordemEm mágicas gargalhadas
Re-Visão da bifurcada Semente
Excesso
Destruímo-nos como pontas de luz
Na cúpula de uma vela finita
Vida em excesso que morre
Em profunda alegria
Amamos a intoxicação
& amamos a tempestade
Precisamos de toda a força
Para manter o equilíbrio
Beijamos a morte
Num palco em ruínas
Células mortas
Projectadas no espaço,
Correndo & voando
Ao pôr-do-sol
A mente gira & treme
Em arrasantes rotações
(Bebe a luzidia cor da pele jovem
Bebe a cor da paisagem em chamas
Bebe o turbilhão turvo da existência)
Mortos, amaremos a terra
Com inúmeros orgasmos abafados
(Memórias de um louco
Cantando às células perdidas)
.
IV
À volta da minha ilha,
Um oceano de máscaras
& a ilha é máscara
Para onde se esvaiu
O velho verde em chamas,
Onde pairam as faíscas
Dos astros irracionais?
O gélido cântico do número
Amordaçando o grandioso
Cântico da carne
Hábil gladiador do bosque desgastado,
Saberás tu manejar tua arma
Nesta guerra contra todos os
Astros Estrelas Cometas & Deuses?
Estranho rapaz carregando
Facas ossadas & velhos licores
Para um prado isolado
Aí ele joga os seus jogos
& reza aos ínfimos animais,
Seu exército obscurecido
Seguindo trilhos de cores,
Avança,
Sempre acompanhado pelas sombras
Da vã civilização em ruínas
Finalmente cercado
Por inúmeros pecadores;
Um veneno encaminha-o
Para a sepultura,
Longo abismo
Povoado de vítimas
(No altar supremo da vitalidade
Jaz o génio extinto)
Benvindos à era da pedra,
Agora esculpida por
Teclas & técnicas
Que evoluem em
Regressão humanitária
Ciência é metafísica
Ventos de pedra
Violento dilúvio
Visão de desmoronamento
Ruas vomitando bactérias
Numa doentia atmosfera
Pálida ferrugem
De estrelas caídas
Seres embriagando-se
Com o cianeto dos séculos
Sóis dourados
Em queda fatal
Rumo impossível
Para o super-homem
Científico
Desarticulações mecânicas
Velha & decadente
Estátua da Liberdade
Capitalismo nuclear
Em selvas industriais
Lágrimas de resina
Assolando a floresta
Evasão petrolífera
No horizonte frenético
Do mar em explosão
Aroma de papoila
Na ponta do bastão
Ruas
Rios de rosas feridas
O regresso às cinzas
Vidro em fogo
O velho condado
Foi arrrasado
Os assassinos penetraram
No palácio da tortura
Num confuso labirinto de cimento,
O homem inquieto percorre em êxtase
Os efémeros bordéis do esquecimento
Movimento de cores
Num círculo de feras
Estranho sorriso
Da tempestade
Cancro em crescimento
Nos tendões do movimento
Dançam sem pensamento
Os paralíticos mutilados
.
V
Quem sou eu?
fantasma, sombra
insecto florestal
grão-de-areia
num deserto esquecido?
Quem me dera aranha
Lutando pela vida
Num canto do espaço
Sem tempo,
Tentáculos ao sol
Agarrando a existência
& passando para a morte
& seria útil o despertar
Sem tinta & papel
Escrita ou dor
Naufragamos o vácuo
Como inúteis personagens
De um filme livro ou quadro
Que desaguou no infinito
(O homem é um Deus Inexistente)
Existência
Espiral sem fim
Visão do cadáver-eu
Morte,
Filme sem imagem
Som inaudível
Morte da consciência
No instinto vital
Encontraremos fósseis vivos
De um sonho antigo
Sementes
De um útero gigante
Morte,
Motor da criação
Sono Conforto
Solo materno
A poesia é um útero
Construído para o conforto
Útero selvagem
Desesperante conforto
Do desesperado
Porque existo
Porque sinto
Marioneta
Desta vasta palhaçada
A face do ser pousada
Na auréola da loucura
Ardem em terror
Seus mórbidos olhos
.
VI
Existência
Longo insecto
Num oceano
Voo irreversível
Insecto sem identidade
Lutando para um
Doentio fim
A mente explode
Onde o poder dourado?
O caminho da lua?
Pássaros de passagem
Jogar em loucura
Destruir o muro
Olhar o abismo
Estranha percepção
Sinestesia
Ventos do infinito
Fazendo girar & enlouquecer
O cérebro perplexo
O edifício dos conceitos afunda-se
Perante a louca gargalhada do jogador
Tempestade
Trovão
De exterminação
Peões falsos
De um xadrez ilusório
Num túnel do terror
Peças destrutivas
No jogo dramático
Da existência
.
VII
Martelo de Thor
&
Embriaguez de Diónisos,
Capto imagens, vozes,
Sucessões sonoras,
Encarnações da força
Noite arcaica
De cânticos & danças
Viajamos até à luz
Pelas trevas de um timbre
Feiticeiro do sonho & da vida
Viagem pelo cosmos
O olho distendido
Embarcação de pedra
No infinito
Chaves Portas Magias
Rainha lua
Em celebração profunda
Lentos cristais
Os sentidos intensificam-se
A percepção é alargada
Viagem sensitiva
Até profundos vales
Da mente
O olho é o universo mais infinito da infinitude
Possui um túnel: a ligação ao inconsciente
Oculto universo da percepção
O centro é uma vela corrosiva
Cerimónia de transe
Veados eróticos
& ursos em fúria
Experiência de morte
Numa estranha visita
Ao reino primordial
Olhos guiando
Mosaico de répteis
Pelo labirinto
Paisagem xamânica
Terra Solo
Pavimento espiritual
Deusa fecunda
Antiga & bela
Articulações índias
Primitivas
Fogo & transe
Peles de tigres
Desertos árabes
Terras de cerimónias Persas
Homenagens a reis antigos
Luxuriantes tapetes
Feitos de mitos
Templos mágicos
Animais remotos
& rituais de caça
(Nos rochedos vive o selvagem
Dançando com as serpentes
Da noite)
Cantar & dançar
Num exílio secreto
Insónia
Negro-pálido da noite desperta
Deserta
Cansaço vivo dormente
Espinhos da vigília
Ondas flutuantes
Tempo corrente
Em inexistência corpórea
De dispersos pensamentos
Caóticos
Cantar & dançar
Num exílio secreto
Rubis Setas venenosas
Distante da clareza real
Esboço de loucura
Outro plano, longe
Sem tempo ou espaço
Cenários disformes
Estranhos esmagadores
Em inconsciência
Espiral tremente
Órbitas em explosão
Olhos que saltam
Para o solo de náusea
Cantar & dançar
Num exílio secreto
Tigre ébrio
Tigre louco
Dançando entre as estrelas
Cenário universal
O grande Todo rangente
Em que,
Na lua da floresta,
Dança o xamã,
Libertando o cântico
Ritmos engolidos
No monstro gigante
Luminosa obscuridade
Onde afirmamos nossa
Sólida inexistência
tranquila no tempo
agitada no tempo
.
VII
Deus Tigre perturbado
Em ritual de libertação
Na profunda realidade
Da sua loucura luminosa
Corpo vital calcando
Ervas & pedregulhos
Fogo irracional numa imensa floresta
Música lasciva em estranhos planetas
Rei dos pântanos
& verdes planícies
Semeando fogo
Criando caos
Rugindo na noite
Deus Tigre
Em caos
Ele salta
Ele sobe
Ele voa
Ele fere
Verde em chamas
Ataque repentino
Fruto vivo degolado
Deus Tigre
Em fúria
Expansões loucas
Pelas artérias da realidade
Lutas ferozes
Golpes no tempo
(Liberta o tigre divino
Que permanece agrilhoado
Em tuas vastas prisões)
Grilhões de aço atingindo o ser
Neste alargamento do tempo
Não some a dor
Tocam campaínhas na antecâmera do desconhecido
Plantação de vidro na galáxia da multiplicidade
Deus Tigre em absorção semi-estático & a flutuar>
Deus Tigre, enlouqueci
abre a porta & deixa-me entrar
entrar para cantar na alegria desta comédia
nestes dramáticos momentos de despreendimento
rimo-nos em translucidez
& no grave silêncio que surge
arrastamo-nos para uma morgue vital
Duelo no cemitério
as palavras lutam por um melhor túmulo
& o estridente som da queda de metais
veio tudo sepultar no interior de fortes ruínas
& na chuva & sol & arco-íris
veio o clarão obscuro trazer a purificação
.
IX
A árvore da vida...
Os seus ramos loucos
São cobras silenciosas
Que se agitam em transe
Fantasma liberto,
Dançando
Ventos sombrios
Abalando em fúria
A estrutura do cosmos
Mão gigante
De longos negros dedos
Rodopiando
No espaço aberto
Ébria tempestade
Arrastando existências
Estranho & poderoso
Território do sagrado
Profunda intensidade
De uma tragédia divina
Discursos do vento
Mensagens místicas
Metais reluzentes
Sémen da floresta
Pedra Fogo & Vinho
Dilúvio & criação
Chuva & arco-íris
Ilimitado fluxo
De oceanos por explorar
Insectos sorrindo
Nas ruínas da noite
Momento místico
Águia de força
Levando-nos ao jardim
Como micro-deuses
Da ordem de fogo,
Dançamos na guerra
& cantamos na orgia
Caixa escura de ouro,
Tesouros, & labaredas
(Um assalto corajoso
Ao ventre universal)
Inocentes pergaminhos
Num tapete sub-lunar
Pode uma palavra
Incendiar uma galáxia?
Pode uma metáfora
Electrificar um meteoro?
Ave de rapina
Asa negra
Face de cobre
Rasto de fogo
Ave de rapina
Lenta na sua mágica eternidade
Doce anjo da ruptura em espiral
Ruína
Fecundidade
Longo rumo
Sob o som da tempestade
Fúria do vento suave
Cascatas
Territórios de prolongação
Explosão
Revolução
Jangada sob um oceano
Sob um sol
& uma iluminação
Já ouviste
O suave som do solo
A brilhante música dos astros
A mágica voz da mente profunda?
Já captaste
O som dançante sobre o oceano
A cor da inexistência sobre a pedra?
Já sentiste
Tecidos magnéticos?
Saboreia o orgasmo
& a areia do deserto
Envolve-te no odor
De elementos vegetais
A emoção da intoxicação
Suave prazer Ou
Frenética pulsação explosiva
Visões de outras galáxias
Descobertas de tesouros,
Abertura de velhas arcas
Com pesadelos, sementes criativas,
Bombas uivantes de apocalipses
Em espiral, a viagem
Rasto de um gigante,
Amoral & irracional,
Percorrendo milénios
Em dolorosa fúria alegre
.
X
Mas onde estavas tu,
Suave luz aliviadora
Da minha dor torturante?
(Escondida numa névoa
Por ti fantasiada?)
Vem a mim, Estranha Flor
Acompanha-me neste banquete
Banquete movível
No rumo das estrelas
Astros líquidos
Surpreendi o teu sorriso
Captei-te viva numa gélida paragem
Procurando mediação para um útero solar
Quem nos amou?
A brisa acelerada,
A febre da meia-noite?
Eu criava-te sonhos
De luz & água
Pérolas de tesouros
Em navios de piratas
Inventava-te guerras de corpos
& brilhantes répteis
Em lama lasciva
Os olhos reluziam
No refúgio da noite
As ondas murmuravam paz
& as sereias Tu
Embalavam Embalavam-me
-Embalavas-me
Na escarlate seda do fogo
Sedução
Palavras mágicas
Criam-se coroas reais
Numa finita idealização
(Ornamentos de sobrevivência)
Uma iluminação,
Conexão, união
Elos eléctricos
Ecos de chamas
Seda suave
A flor deslizou até à exaustão
Nas púrpuras conexões da carne
Luzidia pele
Face de Cleópatra
Hinos a Vénus
(Édipo sorrindo
Num inevitável
Matagal de sangue)
Mulher serpente
De mágica fecundidade
Sangue místico brilhando
Nos rios sombrios
Das suas cidades
Morte infiltrada
Nas glândulas do sexo
.
XI
Chuva que vem para me confundir
Barreira estranha
Dois mundos
(Dois meios mundos + dois meios mundos
& oito quartos de mundo, & etc.)
Assimetria de vidro cortante
Altar em que repousa o rei, altivo, desfigurado
Castraram a noite
Agora, apenas as velhas novas brancas paredes
Para nossa gigantesca agonia
Nenhuma esperança
Nenhuma palavra para salvar
Será a ferida eterna
Será a ferida irreversível
Será a dor transponível?
Dêem-me sóis dourados
Luas primitivas
Flechas corporais
Peles de tigres integradas
Em pele de poeta em vertigem
Toca o sino
Mais uma rua irregular
Camponeses na missa
Padres em masturbação vindo-se para a
Caixa das óstias espermo-sagradas
& o vinho & o púrpuro
Amado sonho desfeito
Máscaras por destruir
Sorrisos por surgir
A mente é um oceano
Com ondas inúmeras,
Furúnculos de incertezas
Os continentes estão multi-quebrados
Até à (in)decisão do enforcamento
Existência retalhada na
Multiplicidade de desencontros
(Seremos micro-deformações
Em gigante pedra trocista?)
Dá-nos uma voz de exteriorização
Do terror mistério luz &
Quente tremido na noite
Em benções prometedoras podem surgir
Os grandes momentos esperados
Trono Trono Trono
Dureza
Luxúria
Fogo do gelo trans-tudo
A unha do ninho em que nos recolhemos
A tragédia não pode ultrapassar
Os limites da dor pode?
Salvem-nos destas torturas
& tentativas de homicídio
& suicídios na casa do papa
Funeral num bordel popular
Ironia de uma terra cruel
.
XII
O templo da purificação
(Desafio para o palácio da deusa)
Carnificina
(Ruínas de fantasmas, dores,
Consciências & temores)
Tempo de coroamento
(Imperador do sol)
Deusa da Tempestade
Quão louca pode ser
A pura entrega da vida
(Como um dado que rola
Na direcção do amor)
Imperatriz da luz & das trevas
Quebrados os vidros da obsessão
Destruídas as sombras da exaustão
Nós Estrada fora
Sangue & alegria
Eden caótico
Bombeamento de cristal
Velha Europa
Monumentos julgados
Por gargalhadas
Divina púrpura carícia
Da nossa transcendentalização
Adorável prisão da paixão
A tua carne é a minha carne
Uno solto
Nas avenidas do silêncio
Quão louca pode ser
A pura entrega da vida
Sagrada eterna
Deusa da tempestade
(Última jogada
Na (in)certeza das ondas)
Estrela dos quatro pontos cardeais
Amo o teu veludo apaixonado
Possuo Sul
& a fecundidade anunciada
Amo a tua loucura
Projectar-nos-emos num púrpuro
Voo de mármore
Rapariga Atriz
Calcário purificado
Em artérias de sémen
Rapaz Fora
Entre vácuo & terra
(Comemoração num navio
De animais remotos)
SACRALIZAÇÃO DO CAOS
.
.
A Isabel Castiajo
.
I
Tragédia viva
Concentração de
Energia
Força
Poder
Mergulho num extenso espaço
De irracional fogo fuzilante
Excesso
Exaltação
Êxtase
Desintegração no infinito
Viagens criativas em
Férteis estranhas terras
Camufladas na mente
.
Inexorável explosão na existência
Prazer Terror
Vertigem
Dança impulsiva
Cântico caótico
Metáforas Enigmas
Imagens Visões
Morte momentânea
De toda a consciência
Relâmpago
Olhos felinos no lugar invisível
Onde não existem já palavras
Sacralização do Caos
.
No lago primordial, as águas revoltas
estão povoadas de misterios caóticos,
prometendo uma ordem subtilmente anunciada
e de realização efectiva pouco credível
(Membros dispersos, répteis, sombras & trevas)
Escuridão luminosa repleta de sementes- em
potência & em acto (ou meras possibilidades
perdidas)
numa terra obviamente sem governador
Apenas forças
dispersas & poderosas
(Negro reino de Ahriman)
.
Passageiros deste combóio
benvindos sejam agora
ao inferno
O guia mostrará
As vagas ruínas dispersas
As chamas do altar
& o sangue das múmias
São os alimentos
De que dispomos
Abandonarão
Vosso infértil orgulho
Ao porteiro mutilado
Nos muitos espelhos
Da negra antecâmara
Poderão observar
Vossos transformados rostos
& os vermes que os ocupam
O som da guilhotina
Expressará
A vossa dor eterna
Benvindos sejam
Radiantes passageiros
À tortura & ao sofrimento
Neste longínquo antro
Do castelo carnívoro
O espelho do inferno
Olhamo-nos
A mente é apenas
Um irregular ponto
De interrogação
A face é um rótulo
Com inscrição em branco
Olhamo-nos
Estáticos
Durante vários séculos
As cores sucedem-se
As formas alteram-se
Processo que conduz
A um novo terror
& cada vez mais monstruosas
São as imagens & emoções
.
Sacralização do caos
Olhos mergulhados
No inexprimível
A grande recusa
Velha bárbara sábia
Mediadora
(Serpente angélica)
Transporta a mente
A electricidade
Para a margem distante
Flechas que partem
Rios de sangue
Monstros
Oceanos de sombras
O amor está lá
Na ilha da sereia
Peixes que deslizam
& caçam a cor
Em astros vivos
.
Conduz
Conduz-te
Traz a comitiva
Esperamos o útero
Da girafa anónima
Dor de parto
Dor de guerra
Dor de morte
Prazer na colina
Da depressão
Murmúrios & ecos
Caravana em espiral
Estrada irregular
Ébrio ritual
Mármore Vidro Lágrimas
Pele de vampiro
.
II
Homem de cera
Tão longo é o sonho
Micro-entidade
Numa guerra de insectos
Reduzido reflexo
De uma estrela inexistente
Tão longo é o abismo
Vozes Formas Máscaras
Tudo engolido
Por um raivoso vento
De uma outra dimensão
Sente a voz da chuva
& o macio toque
Da angústia
Surdo ao paladar da brisa
Enterrado & a voar
Fustigado pelos grilhões
De uma ausência flutuante
Na escarpada ao pôr-do-sol
O homem-ave voa
Explora a vertigem
Na união do céu
Com o mar
Lua & oceano
Brilho & mergulho
Mistério & infinitude
Desespero & sufocação
.
A dança do abutre
Através dos profundos olhos de sonho
Do ser imóvel no telhado em ruínas,
(infinito reflectido
na vibração ocular)
Vejam:
(dança o abutre)
Sob a percepção espelhada
Oculta-se um túmulo
Abutre de plenitude
Tremente & gritante
.
Asas em fúria
Revelando ossadas
Vento gélido amaldiçoando
A confusa órbita do olhar
Bico impiedoso
Dispersando sangue
Abutre
Vejam os seus passos
Imaculada vertigem
Do ser que pensa
Febre da consciência
Feridos olhos cerrados
Num cemitério do cosmos
.
Olhar aprisionado
Em ilimitados canais
Vedações da razão
Devorada a cor
Asceta num subterrâneo
Desorientado,
O viajante acorda
Nos destroços
Dos seus sonhos
Estupefacção letal
No império do absurdo
Ruínas anunciando
Uma morte espasmódica
.
Consumimo-nos num turbilhão silencioso
No desafio de deuses abstractos
(Tempestade venenosa)
Envolvemo-nos na teia da eternidade,
Excêntrico enredo flexível,
Mosaico de cores transtornadas
Habitantes do infinito nós somos
Exploradores de um império cósmico
Desconfortavelmente alojados na caldeira
De um invisível navio
Crucificados vitais rumo ao núcleo em expansão,
Experimentando desregradas explosões sensitivas
Viajantes aquáticos
.
Envolve-te em néon
A frescura do vento
& a dureza da pedra...
Conheces a voz & onda & labirinto do ilimitado?
& sabes da morte & que talvez existas
Indo & vindo numa passadeira rolante planetária?
Que podemos nós fazer senão
- Um nada que engloba o tudo
num vendaval impetuoso
que desconheça a ordem?
Tudo Curiosas conexões
Remoínhos de tempos & luzes
Fim sem fim
(A face pálida do estranho passageiro
Vai avançando em díficil equilíbrio
Sob as fortes armadilhas do vento caótico)
.
Descontrolados membros
Tentando agarrar
O invisível
& algo profundo & interior
Tentando captar
O infinito
Investida frustrada
Contra o topo da hierarquia
Confrontamos a morte
Com a fúria semi-consciente
Que nada sabe do que se segue
Destruído o sorriso dos anjos
Arrepiante desequilíbrio emocional
.
(Parte-se o espelho
& passa o viajante para outro
Território existencial)
O álcool grita nos candeeiros
As sombras jogam cartas
Nas catacumbas
Há banquetes a consumir
Na longínqua alegria da estranheza
Deuses irracionais que nos aguardam
Em enormes naturais templos cósmicos
Beberemos o Grande Cálice de Fogo
.
III
Hecatônquiros divinos
Em eléctricos desfiladeiros
Serpentes da desordemEm mágicas gargalhadas
Re-Visão da bifurcada Semente
Excesso
Destruímo-nos como pontas de luz
Na cúpula de uma vela finita
Vida em excesso que morre
Em profunda alegria
Amamos a intoxicação
& amamos a tempestade
Precisamos de toda a força
Para manter o equilíbrio
Beijamos a morte
Num palco em ruínas
Células mortas
Projectadas no espaço,
Correndo & voando
Ao pôr-do-sol
A mente gira & treme
Em arrasantes rotações
(Bebe a luzidia cor da pele jovem
Bebe a cor da paisagem em chamas
Bebe o turbilhão turvo da existência)
Mortos, amaremos a terra
Com inúmeros orgasmos abafados
(Memórias de um louco
Cantando às células perdidas)
.
IV
À volta da minha ilha,
Um oceano de máscaras
& a ilha é máscara
Para onde se esvaiu
O velho verde em chamas,
Onde pairam as faíscas
Dos astros irracionais?
O gélido cântico do número
Amordaçando o grandioso
Cântico da carne
Hábil gladiador do bosque desgastado,
Saberás tu manejar tua arma
Nesta guerra contra todos os
Astros Estrelas Cometas & Deuses?
Estranho rapaz carregando
Facas ossadas & velhos licores
Para um prado isolado
Aí ele joga os seus jogos
& reza aos ínfimos animais,
Seu exército obscurecido
Seguindo trilhos de cores,
Avança,
Sempre acompanhado pelas sombras
Da vã civilização em ruínas
Finalmente cercado
Por inúmeros pecadores;
Um veneno encaminha-o
Para a sepultura,
Longo abismo
Povoado de vítimas
(No altar supremo da vitalidade
Jaz o génio extinto)
Benvindos à era da pedra,
Agora esculpida por
Teclas & técnicas
Que evoluem em
Regressão humanitária
Ciência é metafísica
Ventos de pedra
Violento dilúvio
Visão de desmoronamento
Ruas vomitando bactérias
Numa doentia atmosfera
Pálida ferrugem
De estrelas caídas
Seres embriagando-se
Com o cianeto dos séculos
Sóis dourados
Em queda fatal
Rumo impossível
Para o super-homem
Científico
Desarticulações mecânicas
Velha & decadente
Estátua da Liberdade
Capitalismo nuclear
Em selvas industriais
Lágrimas de resina
Assolando a floresta
Evasão petrolífera
No horizonte frenético
Do mar em explosão
Aroma de papoila
Na ponta do bastão
Ruas
Rios de rosas feridas
O regresso às cinzas
Vidro em fogo
O velho condado
Foi arrrasado
Os assassinos penetraram
No palácio da tortura
Num confuso labirinto de cimento,
O homem inquieto percorre em êxtase
Os efémeros bordéis do esquecimento
Movimento de cores
Num círculo de feras
Estranho sorriso
Da tempestade
Cancro em crescimento
Nos tendões do movimento
Dançam sem pensamento
Os paralíticos mutilados
.
V
Quem sou eu?
fantasma, sombra
insecto florestal
grão-de-areia
num deserto esquecido?
Quem me dera aranha
Lutando pela vida
Num canto do espaço
Sem tempo,
Tentáculos ao sol
Agarrando a existência
& passando para a morte
& seria útil o despertar
Sem tinta & papel
Escrita ou dor
Naufragamos o vácuo
Como inúteis personagens
De um filme livro ou quadro
Que desaguou no infinito
(O homem é um Deus Inexistente)
Existência
Espiral sem fim
Visão do cadáver-eu
Morte,
Filme sem imagem
Som inaudível
Morte da consciência
No instinto vital
Encontraremos fósseis vivos
De um sonho antigo
Sementes
De um útero gigante
Morte,
Motor da criação
Sono Conforto
Solo materno
A poesia é um útero
Construído para o conforto
Útero selvagem
Desesperante conforto
Do desesperado
Porque existo
Porque sinto
Marioneta
Desta vasta palhaçada
A face do ser pousada
Na auréola da loucura
Ardem em terror
Seus mórbidos olhos
.
VI
Existência
Longo insecto
Num oceano
Voo irreversível
Insecto sem identidade
Lutando para um
Doentio fim
A mente explode
Onde o poder dourado?
O caminho da lua?
Pássaros de passagem
Jogar em loucura
Destruir o muro
Olhar o abismo
Estranha percepção
Sinestesia
Ventos do infinito
Fazendo girar & enlouquecer
O cérebro perplexo
O edifício dos conceitos afunda-se
Perante a louca gargalhada do jogador
Tempestade
Trovão
De exterminação
Peões falsos
De um xadrez ilusório
Num túnel do terror
Peças destrutivas
No jogo dramático
Da existência
.
VII
Martelo de Thor
&
Embriaguez de Diónisos,
Capto imagens, vozes,
Sucessões sonoras,
Encarnações da força
Noite arcaica
De cânticos & danças
Viajamos até à luz
Pelas trevas de um timbre
Feiticeiro do sonho & da vida
Viagem pelo cosmos
O olho distendido
Embarcação de pedra
No infinito
Chaves Portas Magias
Rainha lua
Em celebração profunda
Lentos cristais
Os sentidos intensificam-se
A percepção é alargada
Viagem sensitiva
Até profundos vales
Da mente
O olho é o universo mais infinito da infinitude
Possui um túnel: a ligação ao inconsciente
Oculto universo da percepção
O centro é uma vela corrosiva
Cerimónia de transe
Veados eróticos
& ursos em fúria
Experiência de morte
Numa estranha visita
Ao reino primordial
Olhos guiando
Mosaico de répteis
Pelo labirinto
Paisagem xamânica
Terra Solo
Pavimento espiritual
Deusa fecunda
Antiga & bela
Articulações índias
Primitivas
Fogo & transe
Peles de tigres
Desertos árabes
Terras de cerimónias Persas
Homenagens a reis antigos
Luxuriantes tapetes
Feitos de mitos
Templos mágicos
Animais remotos
& rituais de caça
(Nos rochedos vive o selvagem
Dançando com as serpentes
Da noite)
Cantar & dançar
Num exílio secreto
Insónia
Negro-pálido da noite desperta
Deserta
Cansaço vivo dormente
Espinhos da vigília
Ondas flutuantes
Tempo corrente
Em inexistência corpórea
De dispersos pensamentos
Caóticos
Cantar & dançar
Num exílio secreto
Rubis Setas venenosas
Distante da clareza real
Esboço de loucura
Outro plano, longe
Sem tempo ou espaço
Cenários disformes
Estranhos esmagadores
Em inconsciência
Espiral tremente
Órbitas em explosão
Olhos que saltam
Para o solo de náusea
Cantar & dançar
Num exílio secreto
Tigre ébrio
Tigre louco
Dançando entre as estrelas
Cenário universal
O grande Todo rangente
Em que,
Na lua da floresta,
Dança o xamã,
Libertando o cântico
Ritmos engolidos
No monstro gigante
Luminosa obscuridade
Onde afirmamos nossa
Sólida inexistência
tranquila no tempo
agitada no tempo
.
VII
Deus Tigre perturbado
Em ritual de libertação
Na profunda realidade
Da sua loucura luminosa
Corpo vital calcando
Ervas & pedregulhos
Fogo irracional numa imensa floresta
Música lasciva em estranhos planetas
Rei dos pântanos
& verdes planícies
Semeando fogo
Criando caos
Rugindo na noite
Deus Tigre
Em caos
Ele salta
Ele sobe
Ele voa
Ele fere
Verde em chamas
Ataque repentino
Fruto vivo degolado
Deus Tigre
Em fúria
Expansões loucas
Pelas artérias da realidade
Lutas ferozes
Golpes no tempo
(Liberta o tigre divino
Que permanece agrilhoado
Em tuas vastas prisões)
Grilhões de aço atingindo o ser
Neste alargamento do tempo
Não some a dor
Tocam campaínhas na antecâmera do desconhecido
Plantação de vidro na galáxia da multiplicidade
Deus Tigre em absorção semi-estático & a flutuar>
Deus Tigre, enlouqueci
abre a porta & deixa-me entrar
entrar para cantar na alegria desta comédia
nestes dramáticos momentos de despreendimento
rimo-nos em translucidez
& no grave silêncio que surge
arrastamo-nos para uma morgue vital
Duelo no cemitério
as palavras lutam por um melhor túmulo
& o estridente som da queda de metais
veio tudo sepultar no interior de fortes ruínas
& na chuva & sol & arco-íris
veio o clarão obscuro trazer a purificação
.
IX
A árvore da vida...
Os seus ramos loucos
São cobras silenciosas
Que se agitam em transe
Fantasma liberto,
Dançando
Ventos sombrios
Abalando em fúria
A estrutura do cosmos
Mão gigante
De longos negros dedos
Rodopiando
No espaço aberto
Ébria tempestade
Arrastando existências
Estranho & poderoso
Território do sagrado
Profunda intensidade
De uma tragédia divina
Discursos do vento
Mensagens místicas
Metais reluzentes
Sémen da floresta
Pedra Fogo & Vinho
Dilúvio & criação
Chuva & arco-íris
Ilimitado fluxo
De oceanos por explorar
Insectos sorrindo
Nas ruínas da noite
Momento místico
Águia de força
Levando-nos ao jardim
Como micro-deuses
Da ordem de fogo,
Dançamos na guerra
& cantamos na orgia
Caixa escura de ouro,
Tesouros, & labaredas
(Um assalto corajoso
Ao ventre universal)
Inocentes pergaminhos
Num tapete sub-lunar
Pode uma palavra
Incendiar uma galáxia?
Pode uma metáfora
Electrificar um meteoro?
Ave de rapina
Asa negra
Face de cobre
Rasto de fogo
Ave de rapina
Lenta na sua mágica eternidade
Doce anjo da ruptura em espiral
Ruína
Fecundidade
Longo rumo
Sob o som da tempestade
Fúria do vento suave
Cascatas
Territórios de prolongação
Explosão
Revolução
Jangada sob um oceano
Sob um sol
& uma iluminação
Já ouviste
O suave som do solo
A brilhante música dos astros
A mágica voz da mente profunda?
Já captaste
O som dançante sobre o oceano
A cor da inexistência sobre a pedra?
Já sentiste
Tecidos magnéticos?
Saboreia o orgasmo
& a areia do deserto
Envolve-te no odor
De elementos vegetais
A emoção da intoxicação
Suave prazer Ou
Frenética pulsação explosiva
Visões de outras galáxias
Descobertas de tesouros,
Abertura de velhas arcas
Com pesadelos, sementes criativas,
Bombas uivantes de apocalipses
Em espiral, a viagem
Rasto de um gigante,
Amoral & irracional,
Percorrendo milénios
Em dolorosa fúria alegre
.
X
Mas onde estavas tu,
Suave luz aliviadora
Da minha dor torturante?
(Escondida numa névoa
Por ti fantasiada?)
Vem a mim, Estranha Flor
Acompanha-me neste banquete
Banquete movível
No rumo das estrelas
Astros líquidos
Surpreendi o teu sorriso
Captei-te viva numa gélida paragem
Procurando mediação para um útero solar
Quem nos amou?
A brisa acelerada,
A febre da meia-noite?
Eu criava-te sonhos
De luz & água
Pérolas de tesouros
Em navios de piratas
Inventava-te guerras de corpos
& brilhantes répteis
Em lama lasciva
Os olhos reluziam
No refúgio da noite
As ondas murmuravam paz
& as sereias Tu
Embalavam Embalavam-me
-Embalavas-me
Na escarlate seda do fogo
Sedução
Palavras mágicas
Criam-se coroas reais
Numa finita idealização
(Ornamentos de sobrevivência)
Uma iluminação,
Conexão, união
Elos eléctricos
Ecos de chamas
Seda suave
A flor deslizou até à exaustão
Nas púrpuras conexões da carne
Luzidia pele
Face de Cleópatra
Hinos a Vénus
(Édipo sorrindo
Num inevitável
Matagal de sangue)
Mulher serpente
De mágica fecundidade
Sangue místico brilhando
Nos rios sombrios
Das suas cidades
Morte infiltrada
Nas glândulas do sexo
.
XI
Chuva que vem para me confundir
Barreira estranha
Dois mundos
(Dois meios mundos + dois meios mundos
& oito quartos de mundo, & etc.)
Assimetria de vidro cortante
Altar em que repousa o rei, altivo, desfigurado
Castraram a noite
Agora, apenas as velhas novas brancas paredes
Para nossa gigantesca agonia
Nenhuma esperança
Nenhuma palavra para salvar
Será a ferida eterna
Será a ferida irreversível
Será a dor transponível?
Dêem-me sóis dourados
Luas primitivas
Flechas corporais
Peles de tigres integradas
Em pele de poeta em vertigem
Toca o sino
Mais uma rua irregular
Camponeses na missa
Padres em masturbação vindo-se para a
Caixa das óstias espermo-sagradas
& o vinho & o púrpuro
Amado sonho desfeito
Máscaras por destruir
Sorrisos por surgir
A mente é um oceano
Com ondas inúmeras,
Furúnculos de incertezas
Os continentes estão multi-quebrados
Até à (in)decisão do enforcamento
Existência retalhada na
Multiplicidade de desencontros
(Seremos micro-deformações
Em gigante pedra trocista?)
Dá-nos uma voz de exteriorização
Do terror mistério luz &
Quente tremido na noite
Em benções prometedoras podem surgir
Os grandes momentos esperados
Trono Trono Trono
Dureza
Luxúria
Fogo do gelo trans-tudo
A unha do ninho em que nos recolhemos
A tragédia não pode ultrapassar
Os limites da dor pode?
Salvem-nos destas torturas
& tentativas de homicídio
& suicídios na casa do papa
Funeral num bordel popular
Ironia de uma terra cruel
.
XII
O templo da purificação
(Desafio para o palácio da deusa)
Carnificina
(Ruínas de fantasmas, dores,
Consciências & temores)
Tempo de coroamento
(Imperador do sol)
Deusa da Tempestade
Quão louca pode ser
A pura entrega da vida
(Como um dado que rola
Na direcção do amor)
Imperatriz da luz & das trevas
Quebrados os vidros da obsessão
Destruídas as sombras da exaustão
Nós Estrada fora
Sangue & alegria
Eden caótico
Bombeamento de cristal
Velha Europa
Monumentos julgados
Por gargalhadas
Divina púrpura carícia
Da nossa transcendentalização
Adorável prisão da paixão
A tua carne é a minha carne
Uno solto
Nas avenidas do silêncio
Quão louca pode ser
A pura entrega da vida
Sagrada eterna
Deusa da tempestade
(Última jogada
Na (in)certeza das ondas)
Estrela dos quatro pontos cardeais
Amo o teu veludo apaixonado
Possuo Sul
& a fecundidade anunciada
Amo a tua loucura
Projectar-nos-emos num púrpuro
Voo de mármore
Rapariga Atriz
Calcário purificado
Em artérias de sémen
Rapaz Fora
Entre vácuo & terra
(Comemoração num navio
De animais remotos)
Em eléctricos desfiladeiros
Serpentes da desordem
Re-Visão da bifurcada Semente
Excesso
Destruímo-nos como pontas de luz
Na cúpula de uma vela finita
Vida em excesso que morre
Em profunda alegria
Amamos a intoxicação
& amamos a tempestade
Precisamos de toda a força
Para manter o equilíbrio
Beijamos a morte
Num palco em ruínas
Células mortas
Projectadas no espaço,
Correndo & voando
Ao pôr-do-sol
A mente gira & treme
Em arrasantes rotações
(Bebe a luzidia cor da pele jovem
Bebe a cor da paisagem em chamas
Bebe o turbilhão turvo da existência)
Mortos, amaremos a terra
Com inúmeros orgasmos abafados
(Memórias de um louco
Cantando às células perdidas)
.
IV
À volta da minha ilha,
& a ilha é máscara
Para onde se esvaiu
O velho verde em chamas,
Onde pairam as faíscas
Dos astros irracionais?
O gélido cântico do número
Amordaçando o grandioso
Cântico da carne
Hábil gladiador do bosque desgastado,
Saberás tu manejar tua arma
Nesta guerra contra todos os
Astros Estrelas Cometas & Deuses?
Estranho rapaz carregando
Facas ossadas & velhos licores
Para um prado isolado
Aí ele joga os seus jogos
& reza aos ínfimos animais,
Seu exército obscurecido
Seguindo trilhos de cores,
Da vã civilização em ruínas
Finalmente cercado
Por inúmeros pecadores;
Um veneno encaminha-o
(No altar supremo da vitalidade
Jaz o génio extinto)
Benvindos à era da pedra,
Teclas & técnicas
Que evoluem em
Regressão humanitária
Ciência é metafísica
Ventos de pedra
Violento dilúvio
Visão de desmoronamento
Ruas vomitando bactérias
Numa doentia atmosfera
Pálida ferrugem
De estrelas caídas
Seres embriagando-se
Com o cianeto dos séculos
Sóis dourados
Em queda fatal
Rumo impossível
Para o super-homem
Científico
Desarticulações mecânicas
Velha & decadente
Estátua da Liberdade
Capitalismo nuclear
Em selvas industriais
Lágrimas de resina
Assolando a floresta
Evasão petrolífera
No horizonte frenético
Do mar em explosão
Aroma de papoila
Na ponta do bastão
Ruas
Rios de rosas feridas
O regresso às cinzas
Vidro em fogo
O velho condado
Foi arrrasado
Os assassinos penetraram
No palácio da tortura
Num confuso labirinto de cimento,
O homem inquieto percorre em êxtase
Os efémeros bordéis do esquecimento
Movimento de cores
Num círculo de feras
Estranho sorriso
Da tempestade
Cancro em crescimento
Nos tendões do movimento
Dançam sem pensamento
Os paralíticos mutilados
.
V
Quem sou eu?
fantasma, sombra
insecto florestal
grão-de-areia
num deserto esquecido?
Quem me dera aranha
Lutando pela vida
Num canto do espaço
Sem tempo,
Tentáculos ao sol
Agarrando a existência
& passando para a morte
& seria útil o despertar
Sem tinta & papel
Escrita ou dor
Naufragamos o vácuo
Como inúteis personagens
De um filme livro ou quadro
Que desaguou no infinito
(O homem é um Deus Inexistente)
Existência
Espiral sem fim
Visão do cadáver-eu
Morte,
Filme sem imagem
Som inaudível
Morte da consciência
No instinto vital
Encontraremos fósseis vivos
De um sonho antigo
Sementes
De um útero gigante
Morte,
Motor da criação
Sono Conforto
Solo materno
A poesia é um útero
Construído para o conforto
Útero selvagem
Desesperante conforto
Do desesperado
Porque existo
Porque sinto
Marioneta
Desta vasta palhaçada
A face do ser pousada
Na auréola da loucura
Ardem em terror
Seus mórbidos olhos
.
VI
Existência
Longo insecto
Num oceano
Voo irreversível
Insecto sem identidade
Lutando para um
Doentio fim
A mente explode
Onde o poder dourado?
O caminho da lua?
Pássaros de passagem
Jogar em loucura
Destruir o muro
Olhar o abismo
Estranha percepção
Sinestesia
Ventos do infinito
Fazendo girar & enlouquecer
O cérebro perplexo
O edifício dos conceitos afunda-se
Perante a louca gargalhada do jogador
Tempestade
Trovão
De exterminação
Peões falsos
De um xadrez ilusório
Num túnel do terror
Peças destrutivas
No jogo dramático
Da existência
.
VII
Martelo de Thor
&
Embriaguez de Diónisos,
Capto imagens, vozes,
Sucessões sonoras,
Encarnações da força
Noite arcaica
De cânticos & danças
Viajamos até à luz
Pelas trevas de um timbre
Feiticeiro do sonho & da vida
Viagem pelo cosmos
O olho distendido
Embarcação de pedra
No infinito
Chaves Portas Magias
Rainha lua
Em celebração profunda
Lentos cristais
Os sentidos intensificam-se
A percepção é alargada
Viagem sensitiva
Até profundos vales
Da mente
O olho é o universo mais infinito da infinitude
Possui um túnel: a ligação ao inconsciente
Oculto universo da percepção
O centro é uma vela corrosiva
Cerimónia de transe
Veados eróticos
& ursos em fúria
Experiência de morte
Numa estranha visita
Ao reino primordial
Olhos guiando
Mosaico de répteis
Pelo labirinto
Paisagem xamânica
Terra Solo
Pavimento espiritual
Deusa fecunda
Antiga & bela
Articulações índias
Primitivas
Fogo & transe
Peles de tigres
Desertos árabes
Terras de cerimónias Persas
Homenagens a reis antigos
Luxuriantes tapetes
Feitos de mitos
Templos mágicos
Animais remotos
& rituais de caça
(Nos rochedos vive o selvagem
Dançando com as serpentes
Da noite)
Cantar & dançar
Num exílio secreto
Insónia
Negro-pálido da noite desperta
Deserta
Cansaço vivo dormente
Espinhos da vigília
Ondas flutuantes
Tempo corrente
Em inexistência corpórea
De dispersos pensamentos
Caóticos
Cantar & dançar
Num exílio secreto
Rubis Setas venenosas
Distante da clareza real
Esboço de loucura
Outro plano, longe
Sem tempo ou espaço
Cenários disformes
Estranhos esmagadores
Em inconsciência
Espiral tremente
Órbitas em explosão
Olhos que saltam
Para o solo de náusea
Cantar & dançar
Num exílio secreto
Tigre ébrio
Tigre louco
Dançando entre as estrelas
Cenário universal
O grande Todo rangente
Em que,
Na lua da floresta,
Dança o xamã,
Libertando o cântico
Ritmos engolidos
No monstro gigante
Luminosa obscuridade
Onde afirmamos nossa
Sólida inexistência
tranquila no tempo
agitada no tempo
.
VII
Deus Tigre perturbado
Em ritual de libertação
Na profunda realidade
Da sua loucura luminosa
Corpo vital calcando
Ervas & pedregulhos
Fogo irracional numa imensa floresta
Música lasciva em estranhos planetas
Rei dos pântanos
& verdes planícies
Semeando fogo
Criando caos
Rugindo na noite
Deus Tigre
Em caos
Ele salta
Ele sobe
Ele voa
Ele fere
Verde em chamas
Ataque repentino
Fruto vivo degolado
Deus Tigre
Em fúria
Expansões loucas
Pelas artérias da realidade
Lutas ferozes
Golpes no tempo
(Liberta o tigre divino
Que permanece agrilhoado
Em tuas vastas prisões)
Grilhões de aço atingindo o ser
Neste alargamento do tempo
Não some a dor
Tocam campaínhas na antecâmera do desconhecido
Plantação de vidro na galáxia da multiplicidade
Deus Tigre em absorção semi-estático & a flutuar>
Deus Tigre, enlouqueci
abre a porta & deixa-me entrar
entrar para cantar na alegria desta comédia
nestes dramáticos momentos de despreendimento
rimo-nos em translucidez
& no grave silêncio que surge
arrastamo-nos para uma morgue vital
Duelo no cemitério
as palavras lutam por um melhor túmulo
& o estridente som da queda de metais
veio tudo sepultar no interior de fortes ruínas
& na chuva & sol & arco-íris
veio o clarão obscuro trazer a purificação
.
IX
A árvore da vida...
Os seus ramos loucos
São cobras silenciosas
Que se agitam em transe
Fantasma liberto,
Dançando
Ventos sombrios
Abalando em fúria
A estrutura do cosmos
Mão gigante
De longos negros dedos
Rodopiando
No espaço aberto
Ébria tempestade
Arrastando existências
Estranho & poderoso
Território do sagrado
Profunda intensidade
De uma tragédia divina
Discursos do vento
Mensagens místicas
Metais reluzentes
Sémen da floresta
Pedra Fogo & Vinho
Dilúvio & criação
Chuva & arco-íris
Ilimitado fluxo
De oceanos por explorar
Insectos sorrindo
Nas ruínas da noite
Momento místico
Águia de força
Levando-nos ao jardim
Como micro-deuses
Da ordem de fogo,
Dançamos na guerra
& cantamos na orgia
Caixa escura de ouro,
Tesouros, & labaredas
(Um assalto corajoso
Ao ventre universal)
Inocentes pergaminhos
Num tapete sub-lunar
Pode uma palavra
Incendiar uma galáxia?
Pode uma metáfora
Electrificar um meteoro?
Ave de rapina
Asa negra
Face de cobre
Rasto de fogo
Ave de rapina
Lenta na sua mágica eternidade
Doce anjo da ruptura em espiral
Ruína
Fecundidade
Longo rumo
Sob o som da tempestade
Fúria do vento suave
Cascatas
Territórios de prolongação
Explosão
Revolução
Jangada sob um oceano
Sob um sol
& uma iluminação
Já ouviste
O suave som do solo
A brilhante música dos astros
A mágica voz da mente profunda?
Já captaste
O som dançante sobre o oceano
A cor da inexistência sobre a pedra?
Já sentiste
Tecidos magnéticos?
Saboreia o orgasmo
& a areia do deserto
Envolve-te no odor
De elementos vegetais
A emoção da intoxicação
Suave prazer Ou
Frenética pulsação explosiva
Visões de outras galáxias
Descobertas de tesouros,
Abertura de velhas arcas
Com pesadelos, sementes criativas,
Bombas uivantes de apocalipses
Em espiral, a viagem
Rasto de um gigante,
Amoral & irracional,
Percorrendo milénios
Em dolorosa fúria alegre
.
X
Mas onde estavas tu,
Suave luz aliviadora
Da minha dor torturante?
(Escondida numa névoa
Por ti fantasiada?)
Vem a mim, Estranha Flor
Acompanha-me neste banquete
Banquete movível
No rumo das estrelas
Astros líquidos
Surpreendi o teu sorriso
Captei-te viva numa gélida paragem
Procurando mediação para um útero solar
Quem nos amou?
A brisa acelerada,
A febre da meia-noite?
Eu criava-te sonhos
De luz & água
Pérolas de tesouros
Em navios de piratas
Inventava-te guerras de corpos
& brilhantes répteis
Em lama lasciva
Os olhos reluziam
No refúgio da noite
As ondas murmuravam paz
& as sereias Tu
Embalavam Embalavam-me
-Embalavas-me
Na escarlate seda do fogo
Sedução
Palavras mágicas
Criam-se coroas reais
Numa finita idealização
(Ornamentos de sobrevivência)
Uma iluminação,
Conexão, união
Elos eléctricos
Ecos de chamas
Seda suave
A flor deslizou até à exaustão
Nas púrpuras conexões da carne
Luzidia pele
Face de Cleópatra
Hinos a Vénus
(Édipo sorrindo
Num inevitável
Matagal de sangue)
Mulher serpente
De mágica fecundidade
Sangue místico brilhando
Nos rios sombrios
Das suas cidades
Morte infiltrada
Nas glândulas do sexo
.
XI
Chuva que vem para me confundir
Barreira estranha
Dois mundos
(Dois meios mundos + dois meios mundos
& oito quartos de mundo, & etc.)
Assimetria de vidro cortante
Altar em que repousa o rei, altivo, desfigurado
Castraram a noite
Agora, apenas as velhas novas brancas paredes
Para nossa gigantesca agonia
Nenhuma esperança
Nenhuma palavra para salvar
Será a ferida eterna
Será a ferida irreversível
Será a dor transponível?
Dêem-me sóis dourados
Luas primitivas
Flechas corporais
Peles de tigres integradas
Em pele de poeta em vertigem
Toca o sino
Mais uma rua irregular
Camponeses na missa
Padres em masturbação vindo-se para a
Caixa das óstias espermo-sagradas
& o vinho & o púrpuro
Amado sonho desfeito
Máscaras por destruir
Sorrisos por surgir
A mente é um oceano
Com ondas inúmeras,
Furúnculos de incertezas
Os continentes estão multi-quebrados
Até à (in)decisão do enforcamento
Existência retalhada na
Multiplicidade de desencontros
(Seremos micro-deformações
Em gigante pedra trocista?)
Dá-nos uma voz de exteriorização
Do terror mistério luz &
Quente tremido na noite
Em benções prometedoras podem surgir
Os grandes momentos esperados
Trono Trono Trono
Dureza
Luxúria
Fogo do gelo trans-tudo
A unha do ninho em que nos recolhemos
A tragédia não pode ultrapassar
Os limites da dor pode?
Salvem-nos destas torturas
& tentativas de homicídio
& suicídios na casa do papa
Funeral num bordel popular
Ironia de uma terra cruel
.
XII
O templo da purificação
(Desafio para o palácio da deusa)
Carnificina
(Ruínas de fantasmas, dores,
Consciências & temores)
Tempo de coroamento
(Imperador do sol)
Deusa da Tempestade
Quão louca pode ser
A pura entrega da vida
(Como um dado que rola
Na direcção do amor)
Imperatriz da luz & das trevas
Quebrados os vidros da obsessão
Destruídas as sombras da exaustão
Nós Estrada fora
Sangue & alegria
Eden caótico
Bombeamento de cristal
Velha Europa
Monumentos julgados
Por gargalhadas
Divina púrpura carícia
Da nossa transcendentalização
Adorável prisão da paixão
A tua carne é a minha carne
Uno solto
Nas avenidas do silêncio
Quão louca pode ser
A pura entrega da vida
Sagrada eterna
Deusa da tempestade
(Última jogada
Na (in)certeza das ondas)
Estrela dos quatro pontos cardeais
Amo o teu veludo apaixonado
Possuo Sul
& a fecundidade anunciada
Amo a tua loucura
Projectar-nos-emos num púrpuro
Voo de mármore
Rapariga Atriz
Calcário purificado
Em artérias de sémen
Rapaz Fora
Entre vácuo & terra
(Comemoração num navio
De animais remotos)